terça-feira, 29 de março de 2011

Disparate

O brasileiro levanta pra batalha,
E trabalha
Levanta cedo pra luta.
Labuta
Rala o dia inteiro,
Sem arrego
Chega em casa tarde, com fome e torto,
Quase Morto
E como que inexplicavelmente, ainda consegue tirar um sarro da jornada.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Sujeira

Bom dia, senhor, diz o porteiro ao morador...
Bom dia, doutor, diz o pedreiro ao engenheiro...
Tem um trocado aí, senhor? Diz o menino pedindo...

As fortalezas com vidro elétrico que andam pelas ruas sempre protegem o terno bonito do moço.
Sempre até o dia em que um desses porteiros, meninos, pedreiros se cansam de dizer tanto doutos e senhor, em bons  modos forçados e fingidos, que eles nem entendem.

Se cansam de ver passar por seus olhos a ostentação que também não sabem o que é, mas que sentem, e decidem pegar esse terno encubado numa 4x4 e manchar com sangue sujo, que é pra não sair mais.

Mas Pobres dos meninos, não sabem que moço arrumado já tem máquina de lavar roupa com alvejante especial que deixa novo o terno sujo do cidadão.

sábado, 12 de março de 2011

Bigmouth Strikes Again - The Smiths

Gravei essa música aqui em casa essa semana, numa versão bem amadora, mas as pessoas tão gostando. Ouça você também: http://www.youtube.com/watch?v=4rhliPe_23A

Letra original:


Sweetness, sweetness I was only joking when I said I'd like to smash every tooth in your head

Oh sweetness, sweetness, I was only joking when I said by rights you should be bludgeoned in your bed

And now I know how Joan of Arc felt
Now I know how Joan of Arc felt
As the flames rose to her roman nose and her Walkman started to melt

Bigmouth, bigmouth
Bigmouth strikes again and I've got no right to take my place with the human race

E minha "tradução":

Amorzinho, amorzinho,
eu tava só brincado quando disse que queria te dar uma porrada no meio dos teus córneos.

Amorzinho, amorzinho, eu tava só brincando quando disse que você tinha que ser espancada na sua cama.

E agora eu sei como Joana D'arc se sentiu.
Enquanto o fogo ia quemando seu narizinho romano e seu ipod ia derretendo.

Falastrão, falastrão..
O falastrão fala merda outra vez,
E eu não tenho direito de assumir meu lugar na humanidade.

domingo, 6 de março de 2011

Carnaval no Fogo, ou na Chuva, dá no mesmo

A cidade do Rio, com todas as adjacências, como a região metropolitana e Niterói, por exemplo, concentram toda sua energia durante o ano para gastá-la na maior festa de rua do país. É o carnaval carioca. Ele conta com foliões de todas as faixas etárias, vestindo todos os tipo de fantasias, que andam pelas ruas da Zona Norte à Zona Sul, acompanhando mais de 200 blocos, sendo guiados, a priori, pelo rítmo contagiante, marcado pelos tamborins, e pela cerveja, sempre presente. Aliás, vale ressaltar que o carnaval do Rio não foi feito para funcionar sem alcool (claro, sem extravagâncias que levem a acidentes ou a confusões). É inviável pensar nos cinco dias em que a cidade não dorme sem a enorme quantidade de latas de cerveja encontradas nas ruas, garrafas de destilados, e até o característico "melzinho", de inúmeras cores, confluindo com as fantasias, o bom humor e o espírito do carnaval.O alcool faz parte da dinâmica das relações entre as pessoas e entre elas e a cidade na fluidez do carnaval.
Parafraseando Ruy Castro, autor de "Carnaval no Fogo - crônica de uma cidade excitante demais", o que estou estou escrevendo é uma crônica de uma festa excitante demais. Não só de uma festa, de um estado de espírito das pessoas, de um depósito de esperanças, de uma pausa para respirar, de um espaço onde cada um pode ser o que quiser e ninguém vai comentar sobre isso nas semanas seguintes. Simplesmente porque é Carnaval. E especialmente agora faço jus ao título, pois nesses dois primeiros dias de carnaval, com chuvas finas e constantes, ventos fortes e temperatura média de vinte e poucos graus, nem a chuva e nem o frio incomodaram o carioca em suas andanças. Pensando bem, pode até ser que tenha o ajudado, já que não foi aquele sol escaldante com aquele calor que faz os gringos passarem mal.O carioca fica indiferente ao clima no carnaval. Num dia como esses, a maioria estaria indo estudar ou trabalhar de calça, mangas compridas, e a maioria com casacos. Mas no carnaval não. O traje bermuda e camiseta, tanto para homens quanto para mulheres, ocupou mais de 80% das roupas escolhidas, sem contar com as fantasias.
Amanhã (que já é hoje) mais um dia começa. É o terceiro dia da maratona, o domingo de carnaval. Mais blocos sairão, mais foliões os seguirão, mais cerveja será bebida, mais samba tocado e mais alegria distribuída, colorindo as ruas do Rio de Janeiro...


obs: Post escrito ao som de "The Smiths - Big Mouth Strikes Again", após um dia de sono e frio que seguiu uma noite de carnaval de aventuras e diversão pelo Rio de Janeiro.