sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

As redes sociais e a destruição da privacidade e da comunicação humana

Tenho medo dessas novas redes "sociais", em que os jovens mergulham sem pudor hoje em dia. A exposição só não é maior porque nem todos tem a internet mais veloz. Se tivessem, seria possível uma verdadeira sociedade vigiada, como propôs George Orwell, em 1984, onde todos observariam detalhadamente a vida alheia (acredite, ainda pode ficar pior). O problema é que, como em qualquer outra situação, é necessário que os dois lados envolvidos cedam. E nesse caso, ambos cedem. Quem quer se informar entra nos sites, clica sem parar nos perfis alheios, não dá paz aos outros usuários mesmo. Mas se fosse apenas esse o lado ruim, não haveria a invasão da privacidade, pois o curioso não conseguiria as informações pessoais. Porem, a atual necessidade de exposição observada na juventude é fator fundamental no processo. São inúmeras fotos das mais variadas situações, em que o "protagonista" tenta se mostrar superior (ou mais "descolado") por meio delas. Festas, lugares, pessoas. Todos são alvos.
A propósito, me recordo de um texto que li do Carlos Heitor Cony, em que ele fala da atual "poluição da alma", mas num sentido diferente do que ouvimos usualmente. O autor diz que a internet é uma ótima ferramenta para formarmos nossa imagem perante os outros, na construção da falsa felicidade. Ele faz uma associação genial, dizendo que esses sites, como o Orkut e o Facebook, seriam a "Revista Caras de nos mesmos". Pois neles estamos sempre felizes, bonitos, com nossos amigos nas fotos, todos se gostam, e com muitos amigos nos perfis. Essa autoexposição, na tenativa de se afirmar como feliz para um restrito nicho social, colabora para a perda da privacidade.
Além do estado terminal da privacidade, esses novos meios de se comunicar e manter o contato são prejudiciais aos principais pilares que nos diferenciam dos outros animais: não a fala em si, mas a fala pensada, organizada. A argumentação humana, o progresso da comunicação, a capacidade de estruturar e moldar mensagens a partir de palavras e letras soltas. Em entrevista dada ao Diário Digital, o escritor José Saramago critica o meio de comunicação virtual conhecido como Twitter.
Diário Digital: O senhor acompanha o fenômeno do Twitter? Acredita que a concisão de se expressar em 140 caracteres tem algum valor? Já pensou em abrir uma conta no site?
José Saramago: "Nem sequer é para mim uma tentação de neófito. Os tais 140 caracteres refletem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido."
Compartilho da ideia. Basta pensar nas inúmeras variáveis que afirmam e, de certo modo, necessitam do processo. A internet por si só, acelera e integra a comunicação entre pessoas e lugares, mas não chega a se sobrepor. Já a industria da tecnologia, com os celulares ultimo tipo, que tem acesso a internet ate na lua, associada a mídia do consumo, instiga nas pessoas essa necessidade de ter todas as informações a todo tempo, mesmo que essa informação venha fragmentada. Com isso, as pessoas, por se adaptarem as novas tecnologias da informação e da comunicação, passam a limitar sua fala e, consequentemente, o modo de se expressar. O que acontece é a formação de um ciclo vicioso, em que a tecnologia oferece a velocidade, as redes sociais oferecem, e de certo modo impõem, a concisão da comunicação, e nos, os consumidores/espectadores, nos adaptamos a essa realidade e acabamos por ter nossa comunicação corrompida.
Finalizo esse ensaio como Saramago descreveu: FUI!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Drummond, o ENEM e eu.

É até um pouco feio eu associar uma figura tão genial ao ENEM (refiro-me ao Drummond). Mas por esses últimos acontecimentos dessa prova escrota, tive um insight e remontei o Poema das Sete Faces, mais ou menos como fez a Adélia Prado, mas em outro contexto. E ficou assim: Quando nasci, um anjo moribundo, desses que dá ordem atrás de mesa disse: Vai, Luís! ser estudante, classe rebaixada nesse Brasil. Por ora é isso. Que venha logo o fim dessa via crucis sem fim. Bom calor pra vocês.

domingo, 24 de outubro de 2010

Honestidade ao ponto

Ao longo dos séculos, a evolução moral de cada sociedade se altera. É possível notar, hoje, variações de como se posiciona o homem em relação à honestidade. Por bom caratismo ou tentativa de melhorar a imagem individual, a questão é até quando ela deixa de ser uma virtude e se torna conveniente.
Para muitos, é necessário ser honesto a fim de se melhorar o país, já que tanto se critica os políticos desonestos. Outros o veem como forma de diminuir o risco de ser prejudicados, pois esperam que a recíproca seja verdadeira nas relações cotidianas. Há também aqueles que são honestos apenas para promover sua imagem, preferem ser definidos como tal, mesmo sendo desonestos. Uma pesquisa feita por uma grande revista no Brasil revelou que a maioria da população se diz honesta. Porém, muitos disseram ser capazes de se corromper caso ninguém soubesse, o que mostra a inversão de valores, o ser se confunde com o parecer.
Um problema atual é a tentativa da população de dividir em graus a desonestidade. Quando um político desvia verbas públicas para benefício próprio, é inaceitável pelas pessoas. Porém, é aceitável receber um troco a mais e não devolve-lo, ou furar uma fila. A aceitação dessas pequenas corrupções da vida cotidiana gera a banalização de atos desonestos. Com isso, as próximas gerações tendem a aceitar práticas cada vez mais graves, contribuindo para minar o real sentido da honestidade.
Portanto, a problemática presente na honestidade nos dias de hoje se percebe em diversos ambitos. A finalidade varia dependendo das intenções de cada um, onde não se deveria ter objetivos individuais como condições para ser honesto. Outra questão se encontra nas possíveis interpretações, em que a virtude se confunde com a conveniencia, o ser com o parecer, e o aceitável se torna, infelizmente, cada vez mais flexível.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

VIVA O AMOR DOS VIRA-LATAS

Casal de mendigos preso por atentado ao pudor: Francisco Souza, 32 anos, e Marlene Silva, 30, foram presos no Rio de Janeiro ao serem pegos fazendo sexo na esquina da Rua X com a rua Y, entre papelões e lixo, às 5 horas da tarde, nesta quarta-feira.

Viva os dois, que original!

Mas nessa cidade cinza, nesse mundo seco,

O amor fundamental pode ferir a Moral.

Que importa para eles os carros passando?

E as pessoas que passam olhando?

Para eles, nada vai incomodar, o amor é presente

naquele momento, amor de se amar.

Se eles não tem casa pra morar,

Se não tem cama pra deitar,

Se não tem dinheiro pra comprar,

Papelão e lixo eles tem pra se amar!

Viva os dois, que original!

Mas essa hipocrisia, essa polícia vadia, feriram o momento:

Coito interrompido no sofrimento.

Eu queria dar ao homem um dinheiro,

para ele, após trabalhar o dia inteiro,

dar uma Rosa ao seu amor

Rosa de Carne, Paixão, de Sonhar

Sonho de amor, amor de se amar.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sobre a Liberdade.

"A Liberdade é uma das condições mais crueis oferecidas ao homem. Junto à leveza e felicidade nela contidas, vem as dúvidas e medos. Por isso os fracos a temem. Mas os que conseguem olhar pra dentro e encontrar respostas, transformam o medo numa certeza. Quando conquistam a liberdade, jamais pode-se impedi-los de ir além."

Depois de uma longa e inacabada reflexão sobre o tema, a leitura de varios textos me permitiu escrever essa pequena passagem. Tambem reuni aqui os meus favoritos sobre a Liberdade. Vamos a eles:

"Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança." (Benjamin Franklin)

"Povos livres, lembrai-vos desta máxima: A liberdade pode ser conquistada, mas nunca recuperada." (Jean Jacques Rousseau)

"A liberdade é um dos dons mais preciosos que o céu deu aos homens. Nada a iguala, nem os tesouros que a terra encerra no seu seio, nem os que o mar guarda nos seus abismos. Pela liberdade, tanto quanto pela honra, pode e deve aventurar-se a nossa vida." (Miguel Cervantes)

"Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres. Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as possuí." (John Lennon)

"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda." (Cecília Meireles)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Resumo do meu livro.

Resumo do meu livro, que ainda não esta pronto, é claro, mas a historia esta aqui pra quem quiser.

Bom, a historia se passa nos anos 90, quando o historiador Paulo Sousa, recém formado na UFF, tem a chance de conhecer o país que tanto estudava (Paulo adorava estudar línguas, havia feito francês, alemão, dinamarquês, mas agora se interessava por essa incógnita asiática), a Republica de Tarushe, pequeno pais cuja historia era peculiar.

O tigre asiático passou por um estranho golpe na década de 1970. O governo, a fim de desarticular a população, lançou uma droga (não sei se vai ser na agua ou numa vacina, talvez um gás, mas isso é o menos importante) que tinha o poder de apagar a memoria das pessoas. Após isso, houve mudanças drásticas no pais. Os livros didáticos foram extremamente reduzidos, escondiam fatos cruciais do mundo, e nomes marcantes foram esquecidos. A população não tinha o menor conhecimento das principais mudanças históricas e humanas, como a Revolução Francesa de 1789, ou a Industrial do século XVIII na Inglaterra. Eram alienados historicamente e, por isso, não tinham qualquer organização sindical ou o conhecimento de leis trabalhistas eficientes, o que os dava uma condição de quase escravos (apesar possuírem carros, casas etc.).

Paulo chega ao pais e, por via das crianças de sua vila, percebe que alguma coisa estava errada nos livros: não mencionavam Karl Marx, ou Nicolau Maquiavel, muito menos Galileu, Michelangelo, Che Guevara, Simon Bolivar... Ele fica intrigado e procura saber o porque disso, até que vai a uma escola ou órgão publico perguntar às autoridades porque não ensinavam às crianças aquelas coisas cruciais à formação de um ser.

Paulo conhece um velho funcionário da escola que não fora afetado, e por isso era tido como maluco pelos outros habitantes de Tarushe. é ai que Paulo descobre todo o golpe, seus motivos, e finalmente suas perguntas estavam respondidas. Porém, ele queria mais. queria mudar essa situação degradante para os Tarushenhos, ele queria mostrar a verdade à população. Com muita luta, ameaças e perigo, Paulo e seu companheiro conseguem instituir o ensino de historia geral no pais novamente, pondo o governo corrupto numa situação de desprezo em relação ao mundo, que nenhum outro pais ou órgão internacional sabia do fato.

Tarushe, já nos anos 2000, irá sofrer mudanças significativas, tendo como líder Paulo. Uma revolução jamais vista na historia muda os rumos da cidadania, cultura, economia e politica do pais, que foi modificado até no campo linguístico. Décadas depois, os livros didáticos de todo o mundo receberão um capitulo no século XXI, que se chamará 'Revolução Tarushe-Brasileira'.

Fim.

Em principio é isso, espero que gostem.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

2009 - O Novo Enem e a constante mudança de rumos.

Esse texto foi escrito em 29 de janeiro de 2010 e teve uma grande repercussão via internet e impressos.O enviei para quase todos da minha lista de e-mails e tive mais de 20 e-mails de resposta contendo opiniões e críticas, sendo que 2 deles foram para publicação impressa e digital do texto. O jornal O Globo o publicou em sua página virtual, tendo também respostas e comentários de outros leitores sobre o texto. Foi impresso também num jornal de ênfase estudantil contra o ENEM. O título original é "2009 - Incertezas e Indecisões", mas achei mlhor adaptá-lo. "O ano de 2009, como todos os outros anos, teve assuntos mais falados e outros nem tanto. A crise econômica mundial e o Brasil na Copa da África do Sul em 2010 ocuparam algumas das manchetes de jornais em 2009. Mas nenhum desses assuntos teve tamanha efervescência quanto o Novo Enem. O exame que até então tinha uma outra denotação, chega em 2009 por meio de imposição aos estudantes com a justificativa de democratizar o acesso às universidades. Nenhum jovem ou professor foi questionado quanto a sua opinião sobre o Novo Enem. As cabeças dos estudantes e vestibulandos ficaram sem direção, sem ponto de apoio. A cada dia que passava, notícias mudavam os rumos das aulas e das provas. Os cursinhos mudavam suas logísticas e os alunos tomavam novas estratégias. Tanto esforço em vão. Pois em menos de uma semana, tudo mudava novamente. 2009 foi um ano de instabilidade e incertezas para os estudantes brasileiros. Quando tudo parece tomar um rumo certo, a prova é roubada. E, mais uma vez, chega o caos aos cursos, estudantes e familiares. Protestos, manifestações, passeatas. Nada adiantou para acabar com o Enem, e o estudante brasileiro percebe que sua voz não é ouvida, quando esta deveria ser a mais importante de todo o processo. Cabe a nós esperar. A prova roubada foi lançada no site do MEC para que os alunos possam estudar e conhecer melhor a linguagem do novo exame. Porém, isso não serviu de nada, pois nos dias 5 e 6 de dezembro vimos que a prova de 180 questões ficou mais difícil. Textos maiores e mais complicados versus o tempo ínfimo de apenas três minutos por questão. A prova do Novo Enem foi um fracasso, a maioria dos alunos discordou da prova e se desinteressou pelo Enem, pois algumas universidades desistiram de usá-lo como parte de seu processo de qualificação. No dia 29 de janeiro, foram abertas as inscrições para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Os estudantes poderão ver se, com a nota obtida no Enem, podem ingressar na instituição desejada. Será que isso vai funcionar? Ou amanhã outra notícia muda o rumo das coisas? É o que nós, estudantes, perguntamos ao MEC. Obrigado." -Uma das melhores respostas que recebi desse texto foi a seguinte, enviada por Juvenal Melvino no próprio site do Jornal O Globo: "UM ABSURDO o artigo! A despeito do incidente do roubo da prova, algo que deve ser objeto de investigação policial e política, pois o roubo da prova não teve a intenção de obter vantagens financeiras com a venda dos resultados, mas sim desmoralizar o ENEM e o governo. Pode-se afirmar que o ENEM é um avanço em direção à universalização do ensino público. Infelizmente, nos deparamos com este discurso da elite conservadora, racista e preconceituosa, que não quer perder seu status qüo." Francamente Juvenal...